Brincar de dizer a verdade
E depois magoar
Dizer sorrindo, porque era verdade,
E depois pensar, pesar,
Que se eu fosse silenciosa
Se eu fosse um enigma
Um verso adulto, um jogo infantil,
É provável que alimentasse qualquer coisa
Mas você, talvez, não teria gostado de mim, assim
Passar um dia inteirinho perdida
Entre papéis: livros xerocopiados,
Cartas, embalagens, guardanapos com números de telefone
E outros que eu, sinceramente, não sei
Guardei, guardo, ponto
Por um instante, ter mantido tanta coisa, junta, em desordem
Pode fazer doer
Mas as caixas pós-lacradas e etiquetadas
Me dão a impressão de que
Viver não foi pouco
Ou não qualquer bobagem
Cada caco pode ser o caco de um dia ensolaradíssimo
Ou o registro de uma esperança morta,
uma grande-enorme-gigantesca esperança
(E isso já faz tanto tempo que...)
E eu sinto
Que de uma forma ou de outra
Sempre
Guardo um pouco de razão comigo
Ou reparti com alguém
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