uma crítica aos clichês intelectuais
uma crítica aos "homens inferiores" que se apegam aos clichês
uma crítica aos homens em geral que se dobram frente a isso
mais uma sugestão do "marginal" como alternativa.
"Um homem introvertido ensina mais com sua vida do que com suas palavras. E o faz de maneira tão proveitosa que nos faz pensar num dos maiores erros da nossa cultura, que é a superstição da palavra e da explicação, a supervalorização desmedida do ensino verbal e metódico.
É certo que uma criança fica impressionada pelas pomposas palavras de seus pais, chegando mesmo a acreditar que elas a educam. Na realidade, o que a educa é aquilo que seus pais vivem. Tudo o mais que acrescentarem com gestos verbais só poderá servir para aumentar a confusão.
Vale dizer o mesmo dos professores. Mas acredita-se nos métodos a um extremo tal que, contanto que o método seja aproveitável, santifica-se o professor que se servir dele. Sim, um homem inferior nunca poderá ser um bom mestre. Contudo, esconderá sua nefasta inferioridade, que envenena secretamente o discípulo, por trás da opulência magnífica do dito método.
Naturalmente, o discípulo já mais formado nada de melhor pede que o conhecimento dos métodos úteis, uma vez que já se integrou na tendência geral que acredita nos métodos vitoriosos. ele teve a oportunidade de comprovar, por experiência, que o indivíduo de cabeça mais vazia pode chegar a ser o melhor discípulo, se aprender a repetir fielmente um método. À sua volta, vê e ouve, na vida e nas palavras, que todo êxito e boa sorte estão "fora", bastando escolher o método mais conveniente para conseguir o que se quer.
Sem dúvida nenhuma, os tipos irracionais introvertidos não são os mestres da humanidade hoje. Mas suas vidas apontam-nos a outra possibilidade, aquela que, infelizmente, está faltando em nossa cultura."
JUNG, Carl Gustav. Tipos Psicológicos. Rio: Zahar, 76. p. 466-467.
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